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Trajetória.

Eu nasci numa manhã de 25 de dezembro de 1957. Minha mãe diz que foi por volta das 08:30, numa pequena casa – vila operária – na, então, comarca de  Morungaba, pertinho da cidade de Itatiba, São Paulo. Segundo filho do casal Antonio Frizzo e Izabel dos Santos Frizzo. Minhas irmãs Cirlene e Maristela e o mano Marcos residimos desde o ano de 1960, numa casa construída por meu pai, anos antes de se casar em 1955, localizada na Rua Paraná, 232, Vila Augusta. Lugar em que crescemos entre bons e inseparáveis vizinhos e parentes. 

Meu gosto preferido é cuidar do jardim na minha casa. Em certo tempo, sobrecarregado pelos trabalhos, ele fica meio abandonado. Mas com um pouquinho de amor, água e adubo – três A’s – logo retoma a natural beleza. Quando criança a bola de capotão sempre teve primazia e, modéstia a parte, ela foi bem cuidada nas peladas no campinho da vila.  Meu time preferido é o glorioso Santos Futebol Clube.  Fácil explicar essa queda pelo time da Vila. Aos dez anos, não me lembro do mês de 1967, meu pai chegou em casa com um pacotinho e disse: “isso é pra vocês brincarem um pouco”. Ao abrir o embrulho vi dois times de jogo de botão. Um era o Santos, outro o São Paulo. Imediatamente eu e meu irmão montamos o campo - o cimento vermelho da cozinha. Eu escolhi o Santos e começamos nosso San-São. E “naquele clássico”, meu Santos ganhou de goleada. Teve até gol de bicicleta. Pronto. Nascia mais um santista. Lembro que o escrete era formado por: Cláudio, Carlos Alberto, Ramos Delgado, Joel e Rildo. Clodoaldo, Lima e Wilson. No ataque: Douglas. Toninho Guerreiro, Pelé e Edu.  Esse time era imbatível na mesa da cozinha, no cimento queimado do quintal e nos estádios mundo a fora, criados em meu mundo infantil e mágico. 

O gosto pelos estudos bíblicos despontou quando me deparei, ainda nos primeiros passos no estudo teológico, com os professores Gilberto da Silva Gorgulho - frei dominicano formado na Escola Bíblica de Jerusalém -  e com a professora Ana Flora Anderson de quem fui aluno assistente, pouco antes de findar a Faculdade de Teologia.  Tais docentes souberam, como poucos, associar conhecimento da Palavra e compromisso com os pobres. Como um sedente discípulo, por seis anos tive a felicidade de conviver com esses autênticos mestres.

Na festa da Anunciação de 1984, fui ordenado sacerdote.  Os seis primeiros anos, como pároco na Igreja N. Sra. Aparecida, Jardim Vila Galvão, foram divididos entre formação das Ceb’s, movimentos populares, aprofundamento nas teorias da Teologia da Libertação. Uma fase inesquecível!

Findado meu período no Regional da CNBB, optei por retomar os estudos bíblicos. A chegada de um novo bispo na diocese marcou uma profunda mudança nas opções pastorais e na formação das leigas e dos leigos. Conselhos daqui, conselhos de lá, fiz as malas e rumei para Jerusalém, onde cheguei na manhã de 15 de julho de 1996. Fui residir no Instituto Pontifício Ratisbonne. Um centro de estudos mantidos pelos padres da Congregação de Sion e direcionado aos estudos das tradições judaicas e das teologias cristãs. Período dificílimo.  Para alguém vindo de um país marcado pela influência do catolicismo, Israel foi um país difícil de ser compreendido.

Por quatro anos (1992-1996) trabalhei com secretário da CNBB-Sul I. Foi a fase de conhecer a superestrutura do catolicismo. Viagens para encontros, dentro e fora do país, participação em eventos regionais e nacionais possibilitaram conhecer a força do catolicismo e sua capacidade de influenciar nos rumos da política nacional. Recordo de um encontro que mediei entre o presidente da Conferência Nacional dos Bispos, na época, dom Luciano Mendes de Almeida e o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, na campanha presidencial de 1994.

Suas políticas internas e externas diante da Palestina, o idioma, a cultura,  sua gastronomia e clima são realidades que exigem certo tempo de adaptação.  Numa certa tarde, necessitado de uma ajuda para compreender uma página do Talmud – terceiro livro sagrado para a Tradição Judaica – solicitei ajuda a um estudante de nome Michael Motola (Miki) que se hospedava  alguns dias no mosteiro Santa Clara, durante o período de seus estudos em Jerusalém.  A dúvida talmúdica não foi esclarecida, mas daquela breve conversa nasceu uma amizade que dura até hoje.

De volta ao Brasil, em janeiro de 2000, já com o título de mestrado, aprovado no Instituto Católico de París, iniciei minha atividade de docente. Por onze anos lecionei na Faculdade Dehoniana, Taubaté, São Paulo. Em setembro de 2009, fiz minha defesa de tese doutoral, na PUC-Rio, sob a orientação da Profa. Dra. Maria de Lourdes Correia Lima. 2002 foi o ano de reencontrar velhos amigos. Os professores Luiz José Dietrich e Shigeyuki Naganose há anos animavam o Centro Bíblico Verbo - espaço idealizado para formação de lideranças populares nos caminhos e nas propostas da Bíblia. Foi por sugestão do Shigeyuki que fui incorporado ao projeto de tradução na Nova Bíblia Pastoral, publicada na festa do apóstolo Paulo, em janeiro de 2014.

Desde 2012 leciono teologia bíblica no ITESP (Instituto São Paulo de Estudos Superiores). Atualmente colaboro nos trabalhos de animação das comunidades na Paroquia São José, junto com o padre Paulo André (Paulão)  e faço parte da Equipe de Coordenação Fé e Política, em Guarulhos, São Paulo.

“ Estou convicto de que ler as páginas bíblicas de modo ingênuo, descontextualizado é reproduzir o desrespeito para com os seus autores.”

Prof. Israel Finkelstein

Há cinco anos, em companhia dos estudantes do Centro Bíblico Verbo e da Universidade Metodista - São Bernardo, dividindo projetos, viagens e trabalhos me dedico ao estudo da arqueologia. Nesses anos visitei diferentes sítios arqueológicos situados na Palestina e em Israel. A próxima empreitada acontecerá nos próximos  meses de Junho a Julho de 2018, em Tel Megiddo, Israel. Trata-se de um programa de pesquisa arqueológica oferecido pela Universidade de Tel Aviv, Israel, e conta com assessoria do Prof. Israel Finkelstein,com quem estive em 2014, 

Shalom!

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